Por princípio, somos seres em constante mutação. Temos de encontrar a condição para se adequar às circunstâncias, sabendo lidar com a resistência em mudar e buscando novas formas de atuar ante os desafios e vicissitudes da vida.
A adaptação às situações, por isso, é a condição de sobrevivência de todos, desde o nascimento. Imagine a seguinte situação: você está remando um bote com outros dois remadores e, inesperadamente, a correnteza aumenta, correndo o risco de virá-lo e vocês naufragarem. Qual será sua reação? Você pode tomar as rédeas da situação e remar de forma coordenada e mais forte com os outros ocupantes do bote, pode se por a torcer para que a correnteza mude ou pode amaldiçoar o momento em que alguém teve a ideia de sair com o bote. Se você escolher a primeira alternativa, você estará exercendo o papel de líder, conjugando os esforços dos demais para sair daquela enrascada e motivando todos a atingir um objetivo comum – ou seja, escapar do naufrágio. A ação, motivada pela atitude positiva de visualizar o resultado frente ao problema, mobilizará o grupo a enfrentar a situação, ao invés de se entregar ao desânimo e à passividade. A escolha é sua, porém sua atitude poderá fazer toda a diferença.
A capacidade que uma pessoa tem para lidar com os problemas, superar obstáculos e resistir à pressão de situações difíceis é o que se chama de resiliência. Este conceito, oriundo da Física, diz respeito à capacidade de materiais tomarem a forma original depois de deformados. Entretanto, as pessoas resilientes não “retornam à forma anterior”, mas aprendem com a experiência vivida e evoluem, tornando-se melhores. Os líderes resilientes não sucumbem ante as adversidades, pelo contrário: buscam soluções criativas, obtendo resultados satisfatórios com o menor gasto de energia.
Reivich e Shatté (apud Bedani, 2008) dizem que há sete fatores que caracterizam a capacidade de resiliência de alguém:
a) administração das emoções, ou seja, a habilidade de se manter calmo diante de uma situação de pressão;
b) controle dos impulsos, isto é, a habilidade de não agir compulsivamente, qualquer que seja a intensidade da emoção gerada com a situação;
c) otimismo, que é a crença de que as coisas podem mudar para melhor;
d) análise do ambiente, como sendo a habilidade para identificar precisamente as causas dos problemas e adversidades;
e) empatia, que é a capacidade de compreender os estados psicológicos das outras pessoas;
f) auto-eficácia, que diz respeito ao senso de ser eficaz nas ações;
g) alcançar pessoas, que é a capacidade que o indivíduo tem de se expor a outras pessoas, sem receios ou medo do fracasso.
A resiliência, assim, está associada à flexibilidade e a uma postura positiva frente aos desafios, em que o indivíduo estabelece formas de enfrentar a situação, readequar-se, reduzir a tensão, estar aberto para apoio da equipe sempre que possível, buscar proativamente informações e resolver o problema.
Segundo o historiador Heródoto, “a adversidade tem o efeito de atrair a força e as qualidades de um homem que as teria adormecido na sua ausência”. Em outras palavras, nas situações adversas é que são forjadas as características mais valorizadas de um líder. O líder resiliente, em suma, é aquele que adota uma firme crença na possibilidade de agir eficazmente, antevendo problemas e aplicando a energia necessária para superar obstáculos.
Fontes:
BEDANI, Edna R. Resiliência em Gestão de Pessoas: Um estudo a partir da aplicação do Questionário do Índice de Resiliência: Adultos em gestores de uma organização de grande porte. Dissertação de Mestrado. São Bernardo do Campo: UMESP, 2008.
SABBAG, Paulo Y. Resiliência: competência para enfrentar situações extraordinárias na vida profissional. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2012.
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Luciano Lamb é Administrador, Mestre em Administração e Negócios, com ênfase em Estratégia, pós-graduado em Gestão e Planejamento de RH e Formação em Dinâmica dos Grupos. Professor de cursos de graduação e pós-graduação e Consultor de Empresas, com experiência de mais de quinze anos na área de Recursos Humanos em empresas como São Paulo Alpargatas, Grupo Bunge, Hospital Mãe de Deus, Sindus Andritz e Ecofrotas (Grupo Embratec/Good Card), em cargos técnicos e gerenciais, bem como consultor organizacional em empresas nacionais e multinacionais.
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