Entender quais são os
limites dos relacionamentos pessoais e profissionais é essencial para os
líderes e para as equipes
A geração Y é bastante questionada,
acusada de ser problematizadora, de não gostar de trabalhar ou de trabalhar
errado. Recentemente li uma entrevista com Lúcia Costa, diretora executiva da
Stato, consultoria de RH, dizendo que “esses jovens têm
potencial, boa formação, têm tudo para dar certo, para ajudar a empresa e a
área, mas, em vez disso, ficam focados no que não têm, no que não está dando
certo”.
Mesmo tendo nascido na década
de 90, mais precisamente em 1994, talvez tenha de concordar em parte com esses
argumentos. Um deles tem a ver com o modo como essa geração enxerga a liderança.
Tenho alguns negócios na área
de comunicação, tecnologia e cultura — e geri-los não é fácil. Primeiro, porque
estou num cargo de liderança aos 24 anos. Segundo, porque já ouvi que sou tão
legal que nem pareço chefe. Deve ser porque falar mal dos gestores é um
comportamento tão unânime que, quando surge alguém agradável, as pessoas não
sabem como lidar com isso.
Não vou tentar diferenciar
chefe de líder. Isso eu deixo para vocês. Mas numa organização, mesmo não havendo
hierarquia definida, todo mundo sabe quem é a pessoa com o poder da caneta para
contratar, demitir, dar feedback, e por aí vai. Não vamos romantizar.
Empresa é empresa, mesmo que
tenha um ambiente mais confortável e acolhedor. E talvez seja esse discernimento
que a geração Y tenha perdido no meio do caminho.
Confesso que
não sei qual é a melhor forma de gerir uma empresa, mas continuo ouvindo as
pessoas, perguntando se elas precisam de ajuda em determinado trabalho ou se
está tudo bem. Isso me deixa numa linha tênue entre parecer ou não uma chefe,
mas não tira minha função de sócia ou CEO da empresa.
Já conversei com alguns fundadores e a maioria
afirma que, em várias situações, gostaria de dizer “sou legal, mas sou seu
chefe” para que entendessem que há um limite entre o que se fala no ambiente de
trabalho e fora dele.
Mesmo tentando pontuar que nem tudo precisa ser
verbalizado, muitos profissionais não compreendem essa fronteira e fazem
comentários impróprios, que podem até causar demissão por justa causa.
Não estou dizendo que não haja possibilidade de ter
amizades entre líderes e liderados. Porém, existem limites.
Não há regras para manter uma relação pessoal e
profissional equilibrada. Mas é necessário ficar atento e atenta às
entrelinhas. Se você é funcionário, saiba que é possível evitar situações
constrangedoras. Para isso, não exceda na intimidade e não se vanglorie da
liberdade.
E, se você faz parte da minha geração, pode ficar
tranquilo, essa síndrome de “sou amiga da chefe” afeta todas as gerações. Em
todo local de trabalho existe, pelo menos, uma pessoa assim. Para sorte dos
jovens, isso não é um desastre exclusivamente nosso. Mas podemos aprender a não
cometer esse equívoco.
Até porque “sou legal, mas sou sua
chefe”.
Fonte: Monique Evelle – Você S/A
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