O mundo vivencia importantes
transformações em diferentes âmbitos. Os avanços tecnológicos, o acesso à
internet, o empoderamento, o empreendedorismo e os novos modelos de negócio,
vêm gerando impactantes resultados em aspectos econômicos e sociais. Neste
contexto, a inovação é assunto imperativo em todos os cenários, seja na entrega
de bens, de serviços ou de outros aspectos. Nunca ouvimos falar tanto sobre
boas ideias que geram produtos fantásticos e nem mesmo sobre tantas empresas
surgindo com propostas altamente diferenciadas. Se você percebeu todos esses
movimentos, parabéns, você é um humano conectado com as propostas do futuro!
Mas, quer saber sobre algo que pode parecer assustador? Esse tal futuro não
está tão distante assim.
Já
aconteceu de você estar realizando uma tarefa habitual e “do nada” pensar na
solução de algum problema relevante e que ajudaria na sua vida ou na de outras
pessoas? Ao pensar nisso, quantas vezes você deu o passo seguinte e colocou a
ideia no papel? Uma reflexão ainda mais profunda: após abandonar esta ideia
“brilhante”, em algum momento da sua vida você percebeu alguém criando um novo
bem ou serviço exatamente como você havia pensado? Se estas reflexões lhe
causaram frustrações, não sinta-se assim. Nem sempre as boas ideias viram
oportunidades de negócios e, chegar em algo inovador, que realmente faça
sentido ao consumidor, não é tarefa fácil. Contudo, o gatilho para isso está em
nossas mãos, sendo que contamos com uma importante ferramenta que já nasceu e
vive conosco, precisando apenas ser estimulada: a criatividade.
A
criatividade é inerente ao ser. Somos mais ou menos criativos conforme
exercitamos os seus mecanismos e o quanto mais conseguimos evitar os aspectos
que nos afastam dela. Os ambientes que mais deveriam estimular a nossa
criatividade e não deixá-la morrer, são os que mais interferem negativamente,
de acordo com importantes estudos do campo. São eles: o ambiente escolar e o
ambiente empresarial.
A
estrutura do modelo educacional, - ainda tão tradicional e arraigada no passado
-, dificulta por vezes as trocas de aprendizado e conhecimentos e neutraliza a
potencialidade do aluno como protagonista do processo de ensino. As regras
quando aplicadas de forma rígida e sem explicações plausíveis, virando
sequências de “nãos” sem contextualização, faz com que os alunos deixem de
colaborar e deixem de tomar iniciativas pelo simples medo de fazer errado e
fracassar. Daí a criança cresce, entra em uma organização com uma cultura
bastante rígida, e segue achando que fazer diferente pode ser ruim. Quando
tenta algo novo, as regras, burocracias e sistemas a colocam novamente em seu
“devido lugar”. Triste tudo isso? Infelizmente é a realidade em muitos lugares
do mundo.
Então...
qual o valor de uma ideia e qual a importância em compartilhar ideias e ir com
elas ao infinito e o além? A resposta para essa pergunta não é tão simples,
mas, a boa notícia é que é algo que se pode aprender, praticar e tangibilizar.
Isso acontece pelo fato de nem todas as ideias serem realmente boas ideias.
Ideias são projeções mentais inerentes ao ser humano. Logo, temos ideias sempre,
até mesmo quando não queremos tê-las. Mas, se você está tendo ideias que podem
se tornar, por exemplo, novos bens ou serviços para a sociedade, daí já estamos
falando de outro potencial de ideação. Você quer que sua ideia seja uma
inovação para o mercado consumidor? Então vamos lá!
Para
que boas ideias se tornem inovações no mercado, muitos passos permeiam este gap. Uma inovação precisa sempre gerar
valor ao mercado. Uma empresa que gera valor ao consumidor, possui vantagem
competitiva perante as outras e possivelmente irá obter a satisfação dos
consumidores. Quem sabe, até consiga aqueles tão sonhados clientes rentáveis! Ademais,
este valor que falamos aqui, não é o valor financeiro, e sim aquele que parte
da comparação (por parte do consumidor) sobre os benefícios percebidos em
relação aos custos totais associados ao produto. Por exemplo, se um consumidor
avalia um produto, ele irá pensar sobre todos os benefícios que aquela
aquisição lhe proporcionará e, em seguida, irá pensar também se o preço é
compatível com todos estes benefícios, Se a conta fechar, existe a percepção de
valor.
Portanto,
entre as boas ideias e as inovações, pode existir uma etapa chamada de
invenção. Invenção é o momento que tiramos a ideia do papel e encontramos uma
forma de torná-la perceptível e tangível (de alguma forma). Normalmente, dentro
dos estudos de inovação, chamamos de prototipação. A prototipação pode
acontecer com diferentes elementos e em diferentes contextos. Em algumas das
vezes são utilizados os blocos de montar, amparados pela metodologia Lego Serious Play®. Os blocos são utilizados para estimular o pensamento criativo,
auxiliando na tomada de decisão e em definições de estratégias. Portanto,
prototipar com os blocos é uma das soluções viáveis para o processo inventivo.
Mas,
por qual razão a invenção é tão importante? Empresas inovadoras, que pretendem
impactar o mercado, atingindo muitos consumidores e alcançando a vantagem
competitiva, passam um bom tempo prototipando suas ideias. Isso acontece porque
é preciso mostrar claramente o que estava apenas no pensamento e conseguir com
isso demonstrar a usabilidade, potencial, formatos, cores, etc. As equipes das
empresas precisam ver claramente o que está sendo idealizado e os consumidores
também. Sim! Em muitos projetos de grandes empresas, os clientes são convidados
a testar estes protótipos, como sendo uma forma de verificar se as necessidades
estão sendo devidamente atendidas. Ao realizar esses testes, é possível
atribuir o valor ao produto antes mesmo dele chegar ao mercado.
Quantas
vezes vemos empresas levando produtos até as lojas e não obtendo sucesso nas
vendas? Quantas vezes os clientes não percebem os benefícios ou não aceitam os
preços, e simplesmente se esquecem daquele produto? A triste realidade pode ser
evitada se as ideias forem lapidadas cuidadosamente e transformadas em
protótipos. Quanto mais reais e funcionais eles forem, melhor para a adequação
da proposta de valor.
Então,
ao atingir este patamar, será possível definir se o mercado verdadeiramente
aceita o produto (bens e serviços) e se sua capacidade em inovar o mercado será
reconhecida verdadeiramente pelo público na qual o produto se destina.
Inovações não podem gerar valor apenas para uma parte do público que o consome.
Inovação precisa der mais democrática e efetiva: ela precisa mudar (ou melhor)
a vida de muitas pessoas em diferentes aspectos!
Sendo
assim, ideias e invenções podem sempre caminhar juntas, possibilitando que
encontremos mais rápido e de forma mais clara o valor que o mercado esta
entregando para cada consumidor. Ah... uma curiosidade final: você pode
realizar estas etapas não apenas para propostas de novos bens ou serviços, mas
também para sua própria carreira. Exato! Quando você se apresenta para o mercado,
está propondo a ele o seu valor... não é mesmo? Então, comece a se planejar
fazendo estas reflexões á luz da inovação. Você verá que faz muito sentido!
Tente!
Bruna Melo
Doutoranda em
Marketing. Professora, pesquisadora e Consultora em Inovação e Ensino do
futuro.
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