Lembro no nosso retorno de Roraima
para Porto Alegre. Eu tinha 12 anos. Meu pai pegou a indenização da
aposentadoria e comprou uma Veraneio. Disse que queria realizar o sonho de
viajar pelo Brasil com a família. Minha mãe assumiu aquele sonho como dela e logo
tornou-se o nosso. Foi, sem dúvida, a viagem mais encantadora que eu já fiz na
vida. Na Veraneio vieram 2 colchões de solteiro, 8 filhos, sendo os caçulas um
casal de gêmeos que tinham 9 meses, e um cachorrinho: o macuxi (assim são
chamadas as pessoas que nascem em Roraima). Cada filho tinha uma diferença de 2
anos. Tente imaginar uma creche dentro de um carro, a mãe e o pai. Passamos por
vários estados e por inúmeras aventuras. Achávamos tudo divertido. Não
ficávamos em hotéis. Dormíamos no carro, em redes, e em pousadas inimagináveis
na estrada. Fizemos uma parada obrigatória numa estrada, em função de termos
dois pneus estourados.
Meu pai achou uma tenda num mato
perto de um rio e de um bar de estrada. Ali ficamos, alguns dias, até que meu
pai foi até a cidade para restaurar os pneus. Era uma alegria tomar banho no
rio, o dia inteiro, e sentir as borboletas coloridas em nossos braços e na
cabeça. Tão lindo! Aqueles dias foram inesquecíveis. Foi lindo demais!
Dormíamos em redes ou nos colchões e nos bancos do carro. Nunca tivemos uma
briga, desconforto, incômodo, reclamação ou competição entre nós. Bem pelo
contrário, parecia que vivíamos em um paraíso mágico chamado: natureza.
Percorremos milhares de quilômetros por 31 dias. Chegamos em Caxias do Sul, dia
25 de dezembro, era um domingo. Meu pai encostou o carro em frente a um posto
de gasolina, tarde da noite. Minha mãe disse que era Natal. E que o papai do
céu havia nos dado o melhor presente das nossas vidas: aquela viagem inesquecível.
Lembro da gente dormindo feliz. No outro dia, era uma segunda-feira, e ao
meio-dia, partimos para Porto Alegre.
Nos tornamos adultos e depois,
soubemos que, naquela noite de Natal, havia acabado o dinheiro. Não tínhamos
mais recursos nem para o abastecimento do carro, muito menos para comprarmos
algo para a ceia ou para presentes de natal. Nunca desconfiamos. Toda essa
passagem me remete ao filme: a vida é bela, em que o pai conta uma história
positiva ao filho, enquanto eles viviam a tortura dos campos de concentração.
Não tivemos nenhum sofrimento. Somente lindas lembranças daquela viagem. Isso
chama-se amor de mãe e pai. Até me emociono ao lembrar de toda essa passagem da
minha vida. Essa é apenas uma das minhas histórias de Natal. Nem sempre foi
lindo ou fácil.
Tivemos muitos contratempos nas
festas de final de ano, em função do alcoolismo do meu pai. Só que nunca
deixamos de comemorar em família, que para nós é o alicerce da vida. Natal
significa Conexão com a Família. E eu não abro mão desse momento. Faço questão
de unir a minha família e a do Vander para que possamos jantar juntos e dar
aquele abraço, à meia-noite, com toda a expressão do amor que temos um pelo
outro.
Eu gosto do colorido dos enfeites, do
empenho de cada um no alimento que compartilha, da doação, e de lembrarmos quem
já fomos e quem somos. Natal é um momento de expressar amor e gratidão. Abrace,
agradeça e expresse seu Amor por quem você ama.
Obrigada por VOCÊ fazer diferença na
minha vida. Gratidão!
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