quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Luta ou Luto: como processar a finalização de projetos pessoais e profissionais?



A morte, seja de alguém que amamos, de um ciclo na vida, de projetos, de uma fase ou de identidades e papéis que não queremos mais carregar, é um dos acontecimentos mais intensos como ferramenta de empoderamento do ser humano. Ter consciência da finitude dos ciclos em nossa vida, assusta mas ao mesmo tempo nos liberta, pois não precisamos estar doentes ou vivendo uma situação limite em nossas vidas para conseguirmos definir prioridades, - embora sejam de fato nesses momentos que essa definição ocorra com mais força, intensidade e clareza, - basta que olhemos para nossa própria vida de maneira honesta, e isso está longe de ser tarefa das mais fáceis, mas parece ser o caminho para que tenhamos uma vida que ao olhar para trás, sintamos orgulho de ter vivido.

            Nesses treze anos de trabalho com luto, acompanhando pacientes em momentos finais e suas famílias, o maior arrependimento dos indivíduos é na grande maioria das vezes o fato de que não foram quem gostariam de terem sido; passaram uma vida sendo o que a mãe queria, o que o pai esperava, foram o que os filhos precisavam, o que a sociedade exigiu, o que os chefes disseram que tinham que ser e o que os livros afirmaram ser o melhor...

            Passamos uma vida representando papéis, desempenhamos personagens quando estamos em família, quando estamos no trabalho, em nossas relações, no mundo social, e talvez seja mesmo quando estamos em uma situação fragilizados e vulneráveis, que conseguimos de fato sermos autenticamente... nós mesmos. Nesses momentos não há máscaras, não há disfarces que sustentem aquilo que não somos, pois são nesses momentos, sejam eles motivados por doenças físicas ou as da alma, que nos damos conta de que não faz sentido perder mais tempo sendo o que não queremos ser. Deixa de fazer sentido seguir em projetos que não expressam nossa identidade, em relações que nos destroem por dentro, em empregos nos quais somos desvalorizados, em uma jornada de vida em que somos tudo o que os outros esperam e nada do que desejamos.

            Para encarar o fim de um ciclo, é necessário coragem! Coragem para enxergamos verdadeiramente quem somos e quem queremos ser, agora sem disfarces; coragem para permitirmos que morra dentro de nós e que deixemos para trás a identidade que carregamos em função das expectativas alheias e baseadas nos nossos medos de sermos nós mesmos, coragem para acolhermos nossa vulnerabilidade, nossas fraquezas e incertezas, coragem para que tenhamos a ousadia de finalmente, nos encontrarmos!

Arieli de Freitas Groff
Psicóloga/ Especialista em Vida com Propósito


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